"Dia e Noite", M.C. Escher

sábado, 10 de maio de 2008

“Quem tem vida interior jamais padecerá de solidão”

Algumas das melhores lembranças que eu tenho de 2002 são de tardes passadas assistindo a TV Senado. Eu tinha só uns 13 anos na época, mas costumava assistir junto com meu irmão mais velho. As grandes atrações eram a luta incessante do Senador Pedro Simon pela candidatura própria do PMDB - “o velho MDB de guerra” – e as lideranças do PSDB. Não lembro quem era o líder do governo e quem era o líder do partido, mas Geraldo Melo e Artur da Távola davam espetáculos à parte. Talvez tenha sido a qualidade do discurso dos dois que me fazia ter tanta simpatia pelo governo Fernando Henrique e defendê-lo nas conversas com os amigos (embora, hoje, eu não saiba o que fazia um moleque de 13 anos ficar discutindo política...).

Artur da Távola e Geraldo Melo não voltaram a ocupar cadeiras no Senado: duas grandes perdas para o debate político brasileiro. Meu interesse pelas sessões foi diminuindo, até desaparecer quase completamente. Só voltei a acompanhar as atividades do Parlamento momentaneamente, nos últimos momentos de Roberto Jefferson.

Nos últimos anos, o Senador Artur da Távola ainda manteve minha audiência na TV Senado com o programa “Quem tem medo de música clássica?”. Todo domingo, apresentava algumas peças novas e ensinava o que era um andamento, o que era um fagote, o que era um barítono ou coisa do tipo (eu aprendi quase nada). Passada uma hora, terminava o programa com sua célebre frase: “Música é vida interior e quem tem vida interior, jamais padecerá de solidão”.

Artur da Távola morreu ontem, 9 de maio. Mas, com seus discursos, contos, crônicas, colunas e o programa da TV Senado, deixou um país menos só.

Um comentário:

Unknown disse...

eu também dava o maior valor ao Artur e seu programa, era o último suspiro antes de eu passar todos os canais da tv no domingo e não descobrir nada que preste..mas eis que surge o som do violino... o/