"Dia e Noite", M.C. Escher

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Basta uma frase

(Sobre o post imediatamente anterior a esse)

Nunca se deve subestimar o poder de uma frase. As frases corretas moveram o mundo, mudaram as pessoas, venceram e perderam batalhas. “Give me freedom, or give me Death” e “se não agora, quando estaremos mais fortes?” de Patrick Henry tornaram os Estados Unidos independentes. “Nada tenho a vos oferecer senão sangue, suor e lágrimas” manteve a Inglaterra de pé quando toda a Europa parecia cair. “O sonho acabou” de John Lennon pôs fim a uma era. “Pode se enganar todas as pessoas por algum tempo e algumas pessoas durante todo o tempo, mas não se pode enganar todo mundo todo o tempo” ecoou em várias épocas. “Há que endurecer, mas sem perder a ternura jamais”. “Não pergunte o que o país pode fazer por você”. “Vim, vi, venci”. “Se quer a paz, prepare-se para a guerra”.

É convencido da importância das frases que, vez ou outra, o Diários & Noturnos faz um post com uma única frase. Se ela não diz nada e não leva a coisa alguma... paciência! Já dizia Millôr Fernandes: “basta uma frase para subir de posição ou conquistar uma bela mulher. O problema é saber que frase é essa”.

(Millôr Fernandes é que leva jeito para frases bem feitas)

quinta-feira, 15 de maio de 2008

sábado, 10 de maio de 2008

“Quem tem vida interior jamais padecerá de solidão”

Algumas das melhores lembranças que eu tenho de 2002 são de tardes passadas assistindo a TV Senado. Eu tinha só uns 13 anos na época, mas costumava assistir junto com meu irmão mais velho. As grandes atrações eram a luta incessante do Senador Pedro Simon pela candidatura própria do PMDB - “o velho MDB de guerra” – e as lideranças do PSDB. Não lembro quem era o líder do governo e quem era o líder do partido, mas Geraldo Melo e Artur da Távola davam espetáculos à parte. Talvez tenha sido a qualidade do discurso dos dois que me fazia ter tanta simpatia pelo governo Fernando Henrique e defendê-lo nas conversas com os amigos (embora, hoje, eu não saiba o que fazia um moleque de 13 anos ficar discutindo política...).

Artur da Távola e Geraldo Melo não voltaram a ocupar cadeiras no Senado: duas grandes perdas para o debate político brasileiro. Meu interesse pelas sessões foi diminuindo, até desaparecer quase completamente. Só voltei a acompanhar as atividades do Parlamento momentaneamente, nos últimos momentos de Roberto Jefferson.

Nos últimos anos, o Senador Artur da Távola ainda manteve minha audiência na TV Senado com o programa “Quem tem medo de música clássica?”. Todo domingo, apresentava algumas peças novas e ensinava o que era um andamento, o que era um fagote, o que era um barítono ou coisa do tipo (eu aprendi quase nada). Passada uma hora, terminava o programa com sua célebre frase: “Música é vida interior e quem tem vida interior, jamais padecerá de solidão”.

Artur da Távola morreu ontem, 9 de maio. Mas, com seus discursos, contos, crônicas, colunas e o programa da TV Senado, deixou um país menos só.