Não, não foi René Descartes o autor daqueles trechos citados no último post. Não pela primeira vez, pelo menos.
São trechos de duas obras de Aurélio Agostinho, mais conhecido como Santo Agostinho. Lá está o raciocínio do “cogito ergo sum”, a tentativa de comprovar que existe o eu. Mas a fama pelo cogito ficou toda com Descartes – que lembra esses trechos de Santo Agostinho até no estilo.
A teoria da relatividade especial, de quem é? Ela está associada inseparavelmente a Einstein no senso comum: o crédito ficou todo com ele. Mas na verdade é muito controverso até que ponto a contribuição dele foi tão inovadora assim, em relação aos trabalhos de Lorentz e Henri Poincaré, por exemplo. Há também quem diga que a primeira esposa de Einstein, a matemática Mileva Maric, é que fez todo o seu trabalho, tanto é que depois de se separar dela ele nunca mais teria publicado nada significativo. César Lattes endossava essa história: segundo ele, Einstein era uma farsa. É exagero; a comunidade científica dá todo o crédito a Einstein pela teoria da relatividade geral; a dúvida é só sobre a especial.
Os casos de grandes pensadores total ou parcialmente esquecidos são muitos. Julián Marías cita-nos um, no texto sobre Santo Agostinho que está linkado ali acima: “Uma pergunta crucial: por que há algo, e não somente o nada? É a formulação que Leibniz fará, e mais tarde Unamuno, e em terceiro lugar, Heidegger. Em geral, Unamuno é esquecido, mas ele diz isto e muito energicamente”.
Os cem mil cérebros que se concebem em sonho gênios como eu, se quiserem ser marcados pela história, podem mandar-nos suas grandes idéias atribuídas a outros, para que as publiquemos aqui. Garanto que citaremos a fonte: este é um blog disposto a fazer justiça no mundo das idéias.
Ah sim: este post é um plágio.
Plagio, logo existo. Porque há algo, e não somente o nada.
Será que o plano cartesiano é mesmo cartesiano?