"Dia e Noite", M.C. Escher

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

piauí on RN

"Caviar, champanhe e Ministério Público

Perseguição implacável a uma colunista social potiguar."

na piauí deste mês. Reportagem de João Moreira Salles, que vem a ser o dono da piauí. Não confundir com o Piauí.

Não, não ganhamos nada pra fazer propaganda da piauí aqui. Nem do RN. Infelizmente.

Memento, homo...

(Sobre Cachorros de Palha, de John Gray, e a dinâmica saúde-doença mental fora de termos exclusivamente bioquímicos)

Nos últimos 200 anos, o conhecimento humano deu um salto extraordinário. Pisamos na Lua, desvendamos os segredos das estrelas e dos átomos. Aprendemos mais sobre o universo e sobre nós mesmos do que muitos poderiam imaginar. Darwin e os evolucionistas nos apontaram o caminho que percorremos até aqui. Mendel e os geneticistas nos mostraram o que nos torna isso que somos. Agora estamos aí, a poucos passos de saber como funciona a mente humana!
Descobrimos que não somos tão diferentes de tudo o mais. G A T(U) C. As mesmas pequenas moléculas se empilhando em quantidades e formas um pouco diferentes fazem um vírus, uma bactéria, uma drosófila, uma lagartixa, um ser humano. Os mecanismos como essas pequenas seqüências controlam toda a vida é bastante semelhante; algumas seqüências são mesmo iguais para várias espécies.
Ainda assim, gostamos de pensar que somos diferentes, que temos algo a mais. Não aceitamos que toda a complexidade de movimentos e pensamentos que somos capazes de realizar é pouco mais que uma série de fenômenos químicos e elétricos nas nossas células. (Na Antiguidade, acreditava-se que a sede dos pensamentos eram os ventrículos cerebrais, quatro pequenos espaços que, no vivo, ficam preenchidos pelo líquido cérebro-espinhal, mas que, nas dissecações, parecem vazios – como se as funções cerebrais superiores fossem imateriais, etéreas. Essa idéia permanece conservada de certa forma, embora seus fundamentos anatômicos tenham sido retirados). Gostamos de acreditar que somos uma espécie destinada a grandes feitos, que controla seu próprio destino.
O homem não foi o primeiro animal a “dominar” o planeta; nem mesmo a conhecer a linguagem. Mas, ao que parece, foi o primeiro a ter certas vaidades.

domingo, 16 de dezembro de 2007

A Política das Canetas

Contaram-me recentemente que, quando era governador do Rio Grande do Norte, o atual presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, foi a uma FIART (Feira Internacional de Artesanato, evento que ocorre a intervalos regulares aqui em Natal). Tomou a palavra. Faltavam alguns poucos meses pro fim do seu mandato – não sei se o primeiro ou o segundo. O então governador disse que reconhecia que não havia feito tanto pelo artesanato potiguar, mas que, com “o restinho de tinta da caneta”, pretendia fazer ainda muita coisa.
Os presentes sorriram. Alguns indivíduos, cuja fortuna depende dos favores de seja lá quem esteja no poder, gargalharam (o Rio Grande do Norte ainda é um estado pequeno o suficiente para que fortunas, reputações e carreiras sejam feitas de acordo com as simpatias do “Poder”). Mas se acharam aquilo engraçado, foi por não compreender que, no fim das contas, aquela frase não era um projeto inovador, não era um plano técnico, não era nem mesmo uma promessa – era apenas a maneira mais arcaica de se fazer política, a com piores resultados.
Não pretendo fazer uma crítica pessoal (juro). O que critico é a forma como se faz política nesse país. Existem exceções –graças a Deus! De qualquer forma, boa parte da vida política desse país resume-se a mandatos sem projetos, sem idéias, sem agenda; a promessas que não entram e projetos que não saem do papel; a obras que não tem fim e obras que não tem finalidade. A gente que entrou na vida pública não porque tinha um sonho ou uma aspiração superior, mas porque tinha determinados sobrenomes ou determinados apetites - e logo passou a acreditar que governar era abrir estradas e assinar papéis.

Churchill dizia que “os homens públicos orgulham-se de ser servidores do Estado e se envergonhariam de ser seus senhores”. O pessoal por aqui não leva isso muito a sério. E continua a fazer política só com a caneta.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Direito ao suicídio

"Há um mínimo de dignidade que o homem não pode negociar, nem mesmo em troca da liberdade. Nem mesmo em troca do Sol."

Augusto, personagem da peça O Santo Inquérito, de Dias Gomes

É decisão pessoal inalienável aquela sobre se vale a pena viver ou não, e em quais circunstâncias. É a escolha fundamental que cada um de nós precisa fazer enquanto vive - e efetivamente a faz, ainda que por instinto. Albert Camus chegou a afirmar, no livro
O Mito de Sísifo, que o suicídio seria o único problema filosófico verdadeiramente importante. Ele mesmo se desmentiria depois - analisou o problema do homicídio, em O homem revoltado. Não obstante, o suicídio é, sim, um dos mais sérios problemas filosóficos e concretamente existenciais que pode haver.

Se alguém acha bonito se matar, o que se pode fazer? Respeite-se a vontade e a dignidade do sujeito. Se acha que é uma forma eficaz de protestar, resistir e revoltar-se, não se pode fazer nada, a não ser, no máximo, discordar respeitosamente: é um direito que ele tem o de dar cabo à própria vida. É parte fundamental da dignidade da pessoa humana o direito ao suicídio. Quem tem o direito de viver precisa necessariamente ter o direito ao suicídio. Sim, porque se não houvesse o direito ao suicídio, não haveria o direito à vida - haveria a obrigação à vida. Se você não concorda com o direito ao suicídio, não me fale em direito à vida, porque vou acusá-lo de incoerência; assuma que, para você, viver é uma obrigação.

P.S.: Não, eu não pretendo me suicidar. Não tenho tendências nem suicidas nem depressivas. Minha visão de mundo continua a oscilar no pêndulo que vai da dramaticidade ridícula do pastelão à comicidade trágica do absurdo. Apesar de tudo, ou por causa de tudo, "é preciso imaginar Sísifo feliz".

P.P.S.: texto motivado pela greve de fome daquele bispo na Bahia, contra a transposição do Velho Chico.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Ócio criativo

O trabalho emburrece o homem. No plano das idéias, sou totalmente a favor da redução da jornada de trabalho. Vivamos o ócio criativo!

Mas, ainda não tenho posição sobre a proposta concreta de redução da jornada para três dias por semana, aqui e agora. Pra assumir posição quanto a ela, preciso ter base em estudos sobre os efeitos de políticas similares e em estudos prospectivos sobre os desta proposta de Pochmann. Alguém tem algum aí? Por ora, tudo o que ouvi sobre a proposta foi:

"Subdesenvolvimento não se improvisa, resulta de anos de meticulosa construção" (Nelson Rodrigues apud Rodrigo Mendes);

"Como diria um amigo economista que tenho, substitua 'jornada semanal de trabalho de três dias' por 'maconha', que o texto do Ponchmann passa a fazer mais sentido" (Thiago Maciel).


12/12/2007 - 09h54
Pochmann quer jornada de três dias de trabalho
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DIMITRI DO VALLE
da Agência Folha, em Curitiba

O presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Marcio Pochmann, defendeu a adoção de jornada semanal de trabalho de três dias com expediente de quatro horas. Disse ainda que o Brasil deveria preparar seus cidadãos para começar a trabalhar depois dos 25
anos de idade.

Para Pochmann, o aumento da expectativa de vida no Brasil --que hoje é de 72,3 anos-- justifica a entrada tardia no mercado de trabalho. "Não há razão técnica para alguém começar a trabalhar no país antes dos 25 anos de idade. Especialmente porque estamos para entrar na fase em que a expectativa de vida ultrapassará os cem anos."

Seu argumento para reduzir a jornada é o acúmulo de capital pelo sistema financeiro internacional, que ele chamou de "produtividade material". "Essa produtividade justifica a razão pela qual não há, do ponto de vista técnico, [motivo para] alguém trabalhar mais do que quatro horas por dia durante três dias por semana."

A Constituição permite a livre negociação da jornada de trabalho, com limite máximo semanal de 44 horas. Na semana passada, centrais sindicais se reuniram com o presidente Lula para reivindicar redução da jornada para 40 horas semanais, sem redução do salário.

"Pode ser estranho ouvir isso neste momento, ou talvez devessem ter sido mal compreendidos aqueles que, em 1850, justificavam o trabalho de oito horas por dia, começando a partir dos 15 anos, embora [naquela época] a indústria no mundo todo empregasse crianças de cinco, seis anos fazendo jornada de 16 horas diárias."

Pochmann, criticado recentemente por ter afastado quatro pesquisadores críticos em relação a políticas da gestão Lula, sugeriu a criação de um fundo "que permita aos pobres optar entre o trabalho e a escola". Para ele, a mudança no processo de formação colocaria o país em posição de vanguarda na preparação de pessoas capazes de pensar um projeto de desenvolvimento de longo prazo.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Kierkeegaard às avessas

.......................
Não há nada ao fim do túnel:

Cada passo é um salto
.............................- no escuro.
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domingo, 9 de dezembro de 2007

Em que Hipócrata diz quem é e aonde vai

(Por uma questão de paralelismo, escrevo esse texto, já com atraso considerável. E, pelo mesmo motivo, falarei de mim mesmo em terceira pessoa. Desculpem)

Hipócrata, desde muito cedo, dedicou-se a pensar história sem seriedade, filosofia sem profundidade e humor sem lá muita graça. Quando chegou a hora de escolher o que deveria fazer para o resto da sua vida, decidiu tornar-se discípulo de Hipócrates. Suas razões foram um tanto quanto difusas e mal-explicadas. A principal foi uma espécie de lenda recorrente na sociedade sobre enfermeiras.
Pelo menos por enquanto, não tem grandes sonhos nem grandes projetos, embora já tenha planos C e D em caso de tudo dar errado. Ainda não está certo de qual é a sua visão de mundo. Nem está certo de que quer estar certo de alguma coisa, já que suas incoerências têm sido um grande motivo de entretenimento.
Ponto forte: é um conceito recorrente na literatura que a consciência é como um câncer. A consciência de Hipócrata assumiu a forma patologicamente mais amena de uma gastrite, mantendo a mesma funcionalidade.
Ponto fraco: outro conceito recorrente na literatura é que conhecer a si mesmo é fundamental. Hipócrata não faz muita idéia de quem realmente é, o que torna todo esse post bastante dispensável...

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Quarto crescente

Trasímaco estava parcialmente correto: não existe o bem em si.

Mas, existe o bem em sol. E em Lua.