"Dia e Noite", M.C. Escher

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Memento, homo...

(Sobre Cachorros de Palha, de John Gray, e a dinâmica saúde-doença mental fora de termos exclusivamente bioquímicos)

Nos últimos 200 anos, o conhecimento humano deu um salto extraordinário. Pisamos na Lua, desvendamos os segredos das estrelas e dos átomos. Aprendemos mais sobre o universo e sobre nós mesmos do que muitos poderiam imaginar. Darwin e os evolucionistas nos apontaram o caminho que percorremos até aqui. Mendel e os geneticistas nos mostraram o que nos torna isso que somos. Agora estamos aí, a poucos passos de saber como funciona a mente humana!
Descobrimos que não somos tão diferentes de tudo o mais. G A T(U) C. As mesmas pequenas moléculas se empilhando em quantidades e formas um pouco diferentes fazem um vírus, uma bactéria, uma drosófila, uma lagartixa, um ser humano. Os mecanismos como essas pequenas seqüências controlam toda a vida é bastante semelhante; algumas seqüências são mesmo iguais para várias espécies.
Ainda assim, gostamos de pensar que somos diferentes, que temos algo a mais. Não aceitamos que toda a complexidade de movimentos e pensamentos que somos capazes de realizar é pouco mais que uma série de fenômenos químicos e elétricos nas nossas células. (Na Antiguidade, acreditava-se que a sede dos pensamentos eram os ventrículos cerebrais, quatro pequenos espaços que, no vivo, ficam preenchidos pelo líquido cérebro-espinhal, mas que, nas dissecações, parecem vazios – como se as funções cerebrais superiores fossem imateriais, etéreas. Essa idéia permanece conservada de certa forma, embora seus fundamentos anatômicos tenham sido retirados). Gostamos de acreditar que somos uma espécie destinada a grandes feitos, que controla seu próprio destino.
O homem não foi o primeiro animal a “dominar” o planeta; nem mesmo a conhecer a linguagem. Mas, ao que parece, foi o primeiro a ter certas vaidades.

Um comentário:

Ex-Pirro disse...

Um comentário não bastará. Espirrarei um post em resposta.