"Dia e Noite", M.C. Escher

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

História como farsa

Analisando o calendário brasileiro, encontramos três feriados cívicos, históricos: o 21 de abril de Tiradentes, o 7 de setembro da Independência e o 15 de novembro da Proclamação da República. Se formos analisar a fundo o significado de cada uma deles, o resultado é um tanto quanto decepcionante.
Discute-se se Tiradentes, Joaquim José da Silva Xavier, que foi traído e não traiu jamais a Inconfidência de Minas Gerais, era realmente um dos líderes da revolução ou simplesmente seu bode expiatório preferencial. Seja lá como for, não há muito sentido em comemorar uma revolta que não chegou às ruas, que não ergueu barricadas nem derrubou bastilhas: um amontoado de boas intenções que se limitou aos saraus de grã-finos.
A Independência, proclamada pelo filho do rei, que mais tarde foi tentar reaver o trono do pai, também tem resultados questionáveis. Ao contrário de toda a América, que, ao se tornar independente, trocou a monarquia pela república, o Brasil trocou uma monarquia por outra. A primeira Constituição própria foi outorgada. A tradição autoritária manteve-se mais forte que os direitos civis.
A Proclamação da República também está envolta numa discussão histórica. Há quem diga que a intenção não era proclamar a República, mas apenas derrubar o ministério Ouro Preto. A passagem da monarquia para a república foi um passeio: sem um tiro disparado, uma gota de sangue derramada. Depois da bonança, a tempestade. Ditadura, um poder executivo aos moldes do moderador, crise, crise, crise.

Dizem que a História (com H maiúsculo, como se fosse uma entidade viva, com identidade própria) ocorre e depois se repete como farsa. A história do Brasil deixa a impressão de que tudo aqui se resumiu à farsa.

3 comentários:

Ex-Pirro disse...

O que o barbudo do século XIX disse foi que a História ocorre a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa.

Mas, no caso do Brasil pelo menos, a ordem dos fatores não altera o produto: pode ser também a primeira vez como farsa, e a segunda como tragédia...

Vivian Martins disse...

Concordo com tudo o que você disse, principalmente com a conclusão.

Unknown disse...

A História com "H" maiúsculo sempre nos traz más notícias, certas ou não, em ordem duvidosa, esperadas, um tanto quanto!!!


aconteça como tragédia, descaso ou jogo de azar, deve haver um lado um lado histórico no Brasil(sem a exigência de letra maiúscula) q seja tão exato como um jogo de tênis ou de sinuca, pelo menos tenho esperança de viver num país com algum lado heróico real, com praças depredadas, vidros trincados e objetivos, de querer massivo, alcançados!!!...a verdade??...a gente deixa p/ depois e numa ordem alheia, de preferênica antes de qualquer "farsa"!!!


valeu, cara...great post!!